Desconstruindo estigmas e promovendo conhecimento com base científica
✦ Introdução
A fibromialgia ainda carrega um peso de desinformação, preconceito e estigmas. Por não aparecer em exames laboratoriais tradicionais e se manifestar com sintomas subjetivos — como dor crônica, fadiga e distúrbios do sono — é frequentemente questionada, inclusive por profissionais da saúde.
Esse desconhecimento alimenta uma série de mitos que prejudicam o paciente, atrasam o diagnóstico e dificultam o acesso a tratamentos adequados.
Neste artigo, vamos desconstruir os principais mitos e apresentar verdades respaldadas pela ciência, contribuindo para uma compreensão mais justa e empática da fibromialgia. Muitos desses pontos são abordados com profundidade no livro FIBROMIALGIA – A Tortura Invisível, que propõe uma nova forma de enxergar a dor.
❶ Mito: “A fibromialgia não existe”
Essa é, talvez, a frase mais dolorosa para um paciente ouvir.
✔️ Verdade: A fibromialgia é reconhecida oficialmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 1992 e consta na CID-10 sob o código M79.7. É uma síndrome clínica crônica, real, diagnosticável e que afeta milhões de pessoas — especialmente mulheres entre 30 e 50 anos.
❷ Mito: “É coisa da cabeça do paciente”
Por décadas, acreditou-se que a fibromialgia era apenas uma manifestação psicológica.
✔️ Verdade: A ciência já comprovou que a fibromialgia está ligada à sensibilização central — uma alteração neurobiológica que amplifica os sinais de dor. Fatores emocionais podem influenciar, mas não são a causa única.
🔗 Para entender esse mecanismo, veja o artigo Causas e fatores de risco da fibromialgia.
❸ Mito: “Quem tem fibromialgia é preguiçoso”
Pacientes são injustamente acusados de exagerar ou evitar responsabilidades.
✔️ Verdade: A fadiga na fibromialgia é uma exaustão incapacitante que não melhora com descanso. Ela compromete a funcionalidade e está presente em até 90% dos casos.
📘 O livro FIBROMIALGIA – A Tortura Invisível traz relatos que mostram como esse sintoma afeta profundamente a vida cotidiana.
❹ Mito: “Fibromialgia e depressão são a mesma coisa”
Apesar de sintomas semelhantes, são condições distintas.
✔️ Verdade: A fibromialgia pode levar à depressão, mas não é causada exclusivamente por ela. O tratamento é multidisciplinar e deve considerar as duas dimensões separadamente.
❺ Mito: “Não há tratamento eficaz”
Esse mito gera desesperança e abandono terapêutico.
✔️ Verdade: Embora não exista cura, há diversos tratamentos eficazes:
- Medicamentos específicos (duloxetina, pregabalina, milnaciprano)
- Terapias não farmacológicas: fisioterapia, exercícios físicos, TCC
- Terapias emergentes: rTMS e ultrassom com luz — já em fase avançada de aprovação no Brasil
🔗 Para conhecer abordagens integradas, veja o artigo Estratégias de tratamento para fibromialgia juvenil.
❻ Mito: “Exercício só piora a dor”
O medo da dor leva muitos pacientes a evitar atividades físicas.
✔️ Verdade: O exercício é considerado tratamento de primeira linha. Atividades leves e adaptadas — como hidroginástica, alongamentos e caminhadas — melhoram dor, humor e qualidade de vida.
❼ Mito: “É uma doença rara”
A falta de discussão pública gera essa impressão.
✔️ Verdade: A fibromialgia é relativamente comum. A prevalência global varia entre 2% e 4% da população — o que representa milhões de pessoas. No Brasil, estima-se cerca de 4 milhões de casos.
❽ Mito: “Quem tem fibromialgia não pode trabalhar”
Esse mito reforça o estigma de incapacidade total.
✔️ Verdade: Muitos pacientes conseguem trabalhar com adaptações e acompanhamento médico. A legislação brasileira reconhece a fibromialgia como deficiência (Lei nº 15.176/2025), garantindo acesso a direitos como PcD.
📘 O livro FIBROMIALGIA – A Tortura Invisível discute como o trabalho pode ser adaptado sem comprometer a dignidade do paciente.
❾ Mito: “Só mulheres têm fibromialgia”
A prevalência é maior em mulheres, mas não exclusiva.
✔️ Verdade: Homens também são diagnosticados. Estima-se que representem entre 5% e 8% dos casos — número subestimado pela subnotificação.
🔗 Para entender esse cenário, veja o artigo Fibromialgia em Homens – Um Guia Completo.
❿ Mito: “O diagnóstico é simples”
Muitos acreditam que basta um exame para confirmar.
✔️ Verdade: Não há marcador biológico único. O diagnóstico é clínico, baseado nos critérios do Colégio Americano de Reumatologia (ACR), como o WPI e a SSS. A peregrinação médica é comum — e dolorosa.
🔗 Saiba mais no artigo Diagnóstico da fibromialgia – critérios, exames e jornada do paciente.
✦ Conclusão
Combater os mitos sobre a fibromialgia é um passo essencial para oferecer mais dignidade, acolhimento e tratamento adequado aos pacientes.
A informação correta transforma a forma como a sociedade enxerga a doença — permitindo que milhões de pessoas deixem de ser vistas com desconfiança para serem reconhecidas com respeito.
🎗️ A dor é invisível, mas o conhecimento pode torná-la visível aos olhos da empatia.








