Entenda os mecanismos por trás da dor crônica e os fatores que aumentam a vulnerabilidade
Introdução
Uma das perguntas mais comuns entre pacientes, familiares e até profissionais da saúde é: “O que causa a fibromialgia?”
A resposta, infelizmente, não é simples. Apesar de décadas de pesquisa, a ciência ainda não encontrou uma causa única e definitiva para a síndrome. No entanto, avanços recentes têm revelado hipóteses consistentes, fatores de risco importantes e mecanismos que ajudam a explicar por que algumas pessoas desenvolvem fibromialgia enquanto outras não.
Este artigo reúne as principais descobertas científicas atualizadas sobre as possíveis causas da fibromialgia e os fatores que aumentam o risco de desenvolver a doença. Muitos desses temas também são abordados com profundidade no livro FIBROMIALGIA – A Tortura Invisível, que oferece uma visão sensível e acessível sobre os bastidores da dor.
1. 🧠 A visão atual: múltiplos fatores interligados
A fibromialgia não é causada por um único evento ou defeito biológico. A hipótese mais aceita é que se trata de uma condição multifatorial, em que genética, ambiente, sistema nervoso e experiências de vida interagem e desencadeiam os sintomas.
Os três pilares que hoje estruturam a explicação científica são:
- Sensibilização central – alterações no processamento da dor no sistema nervoso
- Predisposição genética – influência hereditária que torna algumas pessoas mais vulneráveis
- Fatores desencadeadores – como traumas físicos, infecções ou eventos estressantes
Para entender como traumas emocionais se conectam a esse quadro, veja também o artigo A Conexão Chocante – Como o Trauma na Infância Pode Programar seu Corpo para a Dor Crônica.
2. 🔬 A teoria da sensibilização central
O mecanismo mais estudado e aceito atualmente é o da sensibilização central. Isso significa que os pacientes com fibromialgia apresentam um sistema nervoso central hiperativo, que amplifica os sinais de dor.
Características dessa alteração:
- Baixo limiar de dor: estímulos normalmente indolores são percebidos como dolorosos (alodinia)
- Amplificação da dor: dores leves se tornam intensas (hiperalgesia)
- Processamento anormal: alterações em neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina afetam a forma como o cérebro e a medula interpretam estímulos
Em outras palavras, o problema não está nos músculos ou articulações em si, mas em como o cérebro interpreta os sinais de dor.
Esse conceito é explorado com profundidade no capítulo “O cérebro em alerta” do livro FIBROMIALGIA – A Tortura Invisível.
3. 🧬 Predisposição genética
Estudos familiares e de gêmeos mostram que há um componente hereditário na fibromialgia:
- Pessoas com parentes de primeiro grau com fibromialgia têm maior risco de desenvolver a condição
- Pesquisas identificaram polimorfismos genéticos em genes relacionados à serotonina e catecolaminas
- Isso ajuda a explicar por que algumas pessoas, mesmo diante dos mesmos fatores ambientais, desenvolvem a síndrome e outras não
4. ⚡ Eventos desencadeadores
Muitos pacientes relatam que os primeiros sintomas surgiram após um evento marcante. Entre os mais comuns estão:
- Traumas físicos: acidentes de carro, quedas, cirurgias
- Infecções virais ou bacterianas: como Epstein-Barr, hepatite C, Covid-19
- Estresse emocional intenso: luto, divórcio, abuso psicológico
Esses eventos não “causam” fibromialgia sozinhos, mas podem desencadear a expressão da síndrome em pessoas predispostas.
5. 🔄 Fatores hormonais e neuroendócrinos
A fibromialgia é muito mais comum em mulheres — cerca de 95% dos casos. Isso levou pesquisadores a investigar o papel dos hormônios sexuais e do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA):
- Alterações no cortisol (hormônio do estresse) foram observadas em alguns pacientes
- Flutuações hormonais em períodos como pós-parto e menopausa parecem aumentar a vulnerabilidade
- A prevalência feminina pode estar ligada a diferenças na resposta ao estresse e na modulação da dor
Esse tema é aprofundado no artigo Fibromialgia em Homens – Um Guia Completo Sobre Sintomas, Diagnóstico e os Desafios da Dupla Invisibilidade, que mostra como o gênero influencia a percepção e o diagnóstico da doença.
6. 🦠 A microbiota intestinal e a fibromialgia
Nos últimos anos, uma linha inovadora de pesquisa tem explorado a relação entre fibromialgia e a microbiota intestinal:
- Pacientes com fibromialgia apresentam alterações no perfil das bactérias intestinais
- Essas mudanças podem influenciar a inflamação sistêmica, a produção de neurotransmissores e a percepção da dor
- Experimentos em modelos animais sugerem que a modulação da microbiota pode aliviar sintomas
Ainda é cedo para afirmar que essa é uma causa direta, mas abre portas para novas formas de tratamento — como probióticos e dietas personalizadas.
7. ⚠️ Fatores de risco identificados
Além das hipóteses causais, alguns fatores aumentam a probabilidade de desenvolver fibromialgia:
- Sexo feminino (principal fator epidemiológico)
- Idade: pico entre 35 e 50 anos
- Histórico de dor crônica: como artrite reumatoide, lúpus ou enxaqueca
- Transtornos psicológicos prévios: depressão e ansiedade aumentam a vulnerabilidade
- Eventos traumáticos na infância: abusos físicos ou emocionais são correlacionados
- Sedentarismo: baixa prática de atividade física contribui para maior intensidade dos sintomas
Esses fatores são discutidos com sensibilidade no livro FIBROMIALGIA – A Tortura Invisível, que ajuda o leitor a entender que a dor tem raízes múltiplas — e não é culpa do paciente.
8. ❌ O que NÃO causa fibromialgia
É importante desfazer alguns mitos comuns:
- Não é uma doença inflamatória – não há inflamação detectável em músculos ou articulações
- Não é degenerativa – não causa destruição de ossos ou cartilagens
- Não é psicológica – embora estresse e emoções influenciem os sintomas, a fibromialgia não é “coisa da cabeça”
- Não é contagiosa – não há qualquer evidência de transmissão entre pessoas
Para combater esses mitos, veja também o artigo Mitos e verdades sobre a fibromialgia – combatendo a desinformação.
Conclusão
A fibromialgia continua sendo um desafio científico, mas o conhecimento atual já nos permite compreender que se trata de uma condição complexa e multifatorial.
A interação entre predisposição genética, sensibilização do sistema nervoso central, alterações hormonais, experiências traumáticas e fatores ambientais forma a base do que hoje entendemos como fibromialgia.
Com cada novo estudo, avançamos em direção a uma explicação mais completa — e, consequentemente, a tratamentos mais eficazes.
📘 Para quem busca uma leitura acessível e profunda sobre esses temas, o livro FIBROMIALGIA – A Tortura Invisível é uma excelente porta de entrada para compreender a dor além da superfície.








