Informação clara e sensível sobre uma dor que não tem gênero
✦ Introdução
A fibromialgia é frequentemente associada ao universo feminino. De fato, cerca de 90 a 95% dos diagnósticos recaem sobre mulheres. Mas isso não significa que a doença não atinja homens. Pelo contrário: estima-se que milhares de homens brasileiros convivam com a síndrome sem sequer ter um diagnóstico confirmado.
A invisibilidade da fibromialgia em homens tem duas camadas:
- A invisibilidade da própria doença — marcada pela ausência de exames laboratoriais objetivos
- A invisibilidade de gênero — em que a dor masculina é frequentemente minimizada, ignorada ou confundida com outras condições
Este artigo busca iluminar essa realidade, oferecendo informação confiável, baseada em ciência e experiência clínica. O tema também é abordado com sensibilidade no livro FIBROMIALGIA – A Tortura Invisível, que dedica espaço à dor masculina e seus silêncios.
❶ A fibromialgia em números
- Prevalência geral: 2 a 3% da população mundial
- Em mulheres: cerca de 9 em cada 10 diagnósticos
- Em homens: apenas 5 a 10% dos diagnósticos — número possivelmente subestimado pela subnotificação
💡 Ou seja, a fibromialgia em homens existe — mas permanece oculta atrás de diagnósticos equivocados e preconceitos culturais.
❷ Por que os homens são menos diagnosticados?
- Viés de gênero na medicina: muitos médicos associam fibromialgia automaticamente a pacientes mulheres
- Cultura da masculinidade: homens tendem a evitar consultas médicas e a minimizar dores crônicas
- Sintomas atípicos: estudos sugerem que homens relatam mais fadiga e distúrbios do sono do que dor difusa
- Estigma social: admitir dor crônica é frequentemente visto como “fraqueza”, dificultando a busca por ajuda
Esse viés é discutido também no artigo Diagnóstico da fibromialgia – critérios, exames e jornada do paciente, que mostra como o caminho até o reconhecimento pode ser longo e doloroso.
❸ Sintomas da fibromialgia em homens
Embora os sintomas centrais sejam semelhantes aos das mulheres, há nuances importantes:
- Dor musculoesquelética difusa: muitas vezes descrita como “peso” ou “tensão”
- Fadiga persistente: exaustão sem causa aparente
- Distúrbios do sono: insônia ou sono não reparador
- Disfunção erétil e queda da libido: pouco discutidos, mas frequentes
- Ansiedade e depressão: sintomas emocionais subestimados
- Baixa tolerância ao exercício: sensação de “perda de potência muscular”
📘 O livro FIBROMIALGIA – A Tortura Invisível traz relatos que ajudam a entender como esses sintomas se manifestam na vivência masculina.
❹ Desafios no diagnóstico
- Confusão com outras doenças: artrite, hérnia de disco, síndrome da fadiga crônica ou depressão
- Exames normais: ausência de marcadores laboratoriais gera descrédito
- Tempo até o diagnóstico: homens podem levar ainda mais tempo que mulheres para obter confirmação
🔎 Para entender os critérios clínicos atuais, veja o artigo Diagnóstico da fibromialgia – critérios, exames e jornada do paciente.
❺ O peso emocional da dupla invisibilidade
- Na vida familiar: a dor “invisível” desafia estereótipos de força e resistência
- Na vida profissional: afastamentos ou adaptações são vistos como sinal de fraqueza
- Na saúde mental: a pressão para manter a “masculinidade tradicional” agrava sintomas depressivos e sentimentos de inadequação
🧠 Esse impacto psicológico é explorado no artigo Sintomas invisíveis – como a fibromialgia impacta corpo e mente, que mostra como a dor ultrapassa o físico.
❻ Estratégias para lidar com a fibromialgia em homens
⚕️ No diagnóstico
- Buscar especialistas com experiência em fibromialgia
- Levar histórico detalhado de sintomas, inclusive fadiga e disfunção sexual
🩺 No tratamento
- Seguir a linha terapêutica recomendada para mulheres: exercício físico adaptado, medicação, terapia cognitivo-comportamental
- Atenção especial à saúde mental, frequentemente negligenciada em homens
🏠 No cotidiano
- Quebrar o silêncio: falar abertamente sobre a doença em grupos de apoio ou redes sociais
- Compartilhar responsabilidades em casa e no trabalho
- Reconhecer que pedir ajuda é um sinal de força — não de fraqueza
📘 O livro FIBROMIALGIA – A Tortura Invisível reforça essa mensagem: a dor não diminui quem a sente — ela revela a coragem de enfrentá-la.
❼ Recursos de apoio
- Grupos de pacientes: muitos oferecem espaço específico para homens
- Associações: como a Anfibro, que reconhecem a importância de discutir o tema
- Literatura científica: pesquisas sobre fibromialgia masculina estão em crescimento, mas ainda carecem de maior atenção
✦ Conclusão
A fibromialgia em homens é uma realidade negligenciada. O peso da dupla invisibilidade — a doença sem marcas externas e o preconceito de gênero — atrasa diagnósticos e agrava sofrimentos.
Mas a informação tem poder. Ao reconhecer que homens também sentem dor crônica e precisam de tratamento digno, damos um passo crucial para combater estigmas e melhorar a qualidade de vida desses pacientes.
🎗️ A mensagem final é clara: fibromialgia não tem gênero — tem dor. E dor merece respeito.








